sábado, 13 de novembro de 2010

Prêmio para a nossa escola

Lembranças

Esperei anos para ter essa oportunidade. Raramente tenho tempo, mas hoje reservei esses pequenos minutos para contar a essência de uma mulher que foi capaz de me fazer perder tanto tempo para acompanhá-la. E não foi em vão.

Rachel sempre foi muito tímida, pois ainda lembro-me do primeiro livro que ela leu “Ubirajara” de seu primo José de Alencar e sua voz dizendo bem baixinho, “Não entendo nada”, com apenas 5 anos de idade, não era obrigada saber. Lembro da menina Rachel em sua casa em 1915, quando eu e ela olhávamos pela janela. A imagem, já conhecida por muitos menos por Rachel:a seca. Um sol rigorosamente quente. Nessa época trabalhei muito, pois a fome e a falta de esperança tiraram muitas vidas.

Em 1930, agora Rachel com seus 20 anos foi submetida a um rígido tratamento de saúde, estava com suspeita de tuberculose, doença que já me deu muito trabalho. Será que já era a hora? De repente eu a ouvi dizer: eu tenho que escrever.

Ela pegou uma cadeira, colocou uma almofada por trás de suas costas e ali diante de mim começou a escrever. Escrevia por horas que depois viraram dias e meses.

Resolvi aproximar-me e li o que estava escrito no papel que ela acabara de tirar, e quando olhei lembrei de tudo, do passado, de 1915, da menina Rachel com a parte da face molhada pela lágrima que escorria diante do que via. Esta realidade serviu para Rachel escrever a história de seus personagens. Ela era incrível, pensei. Ficou famosa com O Quinze.

Era de uma simplicidade extrema, sempre foi guerreira e sofreu muito, principalmente quando chegou o dia em que tive de levar embora sua filha com apenas 18 meses de vida. Infelizmente tive de fazê-lo.

Continuei acompanhando-a. Era incrível como ela escrevia tanto, onde ela arrumava tanta inspiração para escrever tantos romances e crônicas? Foi a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras.

Rachel sempre foi especial pra mim, e eu sempre achei que eu não teria coragem e força o suficiente para levá-la. Agora com seus 92 anos, era a hora certa.

Com um largo sorriso me acompanhou. Aproximei-me e disse o quanto a amava. Por incrível que pareça, a morte também pode se apaixonar.

Stefanye Rafael Jardim - 8º ano - Turma 1803Professora orientadora: Lilian dos Santos de Mello GonçalvesDireção: Guilherme Frederico Degou
Escola Municipal 07.16.041 Barão da Taquara

Acima você leu a redação premiada de nossa aluna do 8ano.
Esta é a escola que todos nós queremos.